(...) Ao menos, consciência limpa. Leveza, sensação antiga de dever cumprido, parte feita. E ainda assim, desinteressada. Desiludida, de bode com a vida. Vontade inexata de implodir tudo, e reconstruir o mundo, seus valores, algumas vidas - com certeza, começando pela minha própria, definhada entre uma rotina que existe, mas não me surpreende. Um pouco decepcionada com os caminhos que escolhi, com o que a vida me ofertou, com o que disponho em mãos. Sou sempre eu agora, lutando contra a semana, pra que passe logo e eu possa ficar assim à sós comigo mesma, fugindo dos cliques das fichas que caem, máquinas que se movem. Baixando o som do que me tem me afugentado da vida, pelo lado avesso; aqui por dentro, quebra-cabeça interno. Tento me entreter ao máximo com superficialidades, passeios em família, novas roupas, futilidades desnutridas, risadas entre amigos. E sozinha, volto a me sentir avulsa e desnorteada. Estou triste por inteiro, e isso se reflete nos meus passos lentos, no meu olhar distante, na minha fala decadente. As pessoas captam essa meu aspecto cabisbaixo, meu pessimismo latejante, e em sua maioria, fogem. Além de não me deixar chorar, não chegam também perto, deixam de me abraçar apertado e quase solto a voz enlatada na garganta: nenhuma doença, quem sabe apenas uma gripe em desenvolvimento, porém digo que não estou doente de nada, que essa infelicidade não pega, e até vai se despedir qualquer dia, mas a maioria deles se debanda, e isso é o que me dá ainda mais força pra que queira ficar isolada e atravessar essa fossa como líder absoluta do meu próprio desvario.
Me pergunto então, no que ando errando tanto, papai do céu? Aonde é que se encobre a catástrofe que causei, pra que a sombra me seja marca d'água, esse bolero não volte a ser rumba? Injustiça, repito, nada justo ajudar, e não ouvir o que necessito, quando essencial. Dar amor, e receber de volta uma indiferença deslavada, um vazio completo de coisa boa alguma. Pedi tanto alguém pra gostar de mim, me cuidar, e fazer bem, um amor bom e real, e veio a divindade me brindar com um desafio inconstante, doloroso. Mais: pecaminoso, por vezes mordaz. Agora peço apenas o resgate da minha paz de espírito com recompensa de meu sorriso sincero, e o fim desses lamúrios todos. E que você afaste de perto de mim todos esses que não me fazem bem, e insistem em ficar. Que eu conecte a felicidade novamente, e não a deixe saturar. Pra que eu possa voltar a ver o mundo cor-de-rosa, e abandone o preto e branco de vez. E que eu levante o rosto, e olhe para os possíveis retratos que a vida tira de mim, e me retorna muito em seguida. Amém, e xis!
Me pergunto então, no que ando errando tanto, papai do céu? Aonde é que se encobre a catástrofe que causei, pra que a sombra me seja marca d'água, esse bolero não volte a ser rumba? Injustiça, repito, nada justo ajudar, e não ouvir o que necessito, quando essencial. Dar amor, e receber de volta uma indiferença deslavada, um vazio completo de coisa boa alguma. Pedi tanto alguém pra gostar de mim, me cuidar, e fazer bem, um amor bom e real, e veio a divindade me brindar com um desafio inconstante, doloroso. Mais: pecaminoso, por vezes mordaz. Agora peço apenas o resgate da minha paz de espírito com recompensa de meu sorriso sincero, e o fim desses lamúrios todos. E que você afaste de perto de mim todos esses que não me fazem bem, e insistem em ficar. Que eu conecte a felicidade novamente, e não a deixe saturar. Pra que eu possa voltar a ver o mundo cor-de-rosa, e abandone o preto e branco de vez. E que eu levante o rosto, e olhe para os possíveis retratos que a vida tira de mim, e me retorna muito em seguida. Amém, e xis!
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Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
ResponderExcluirFernando Pessoa