terça-feira, 23 de novembro de 2010

After.




As pessoas hoje em dia se preocupam com o que nao é necessário e esquece as coisas simples da vida. E pra nao esquecer, coloque um cd, repita a música, cante a mesma letra. Antes, esqueço as melodias nostálgicas e me refaço em repertório novo. Onde nem ritmo, nem cantor me remetem à qualquer infinito. Grite suas palavras feridas, descontroladas pelo cinismo e desajuste emocional. Antes, olho-me no espelho, limpo qualquer resquício cinza de algum vento e encontro ali quem realmente me importa. Pincelando em companhia-própria cada contorno e simples traço único, singular.
Deixe o seu ego-inflável em perfume enlaçado ao meu corpo. Antes, eu colho flores e em arco colorido, enfeito meus cabelos, longos e brilhosos. Espalhando no horizonte meu próprio perfume. Diga que sou linda e importante na vida, sua vida. Antes, entendo o que sou para quem realmente é para mim. Ligue pelas madrugadas de insônia e conte-me sobre a saudade que costuma roubar-lhe o sono com uma destreza irreal. Antes, aprendo que uma saudade me importa: a que sinto de mim mesma. Junte suas vontades efêmeras e sem nexo inteligente. Discurse sobre as mudanças que se imperam em mim. Antes, envolvo-me no amadurecimento das horas. Deixando de ser e agregando na alma bordados novos, em laços de cetim, que enfeitam e não pensam no caráter. Conte-me suas dúvidas e incertezas. Fraqueje e toque minha branca pele com suas lágrimas. Antes, abraço sorrindo minha sensibilidade e costuro nas bordas, botões de tua-realidade.
Estenda com carinho sua mão, sendo companhia e proteção. Antes, aprendo a olhar para cima e com força descomunal, me reerguer sozinha, com a minha delicadeza, de sempre. Deixe um bilhete no espelho do banheiro com alguns versos ausentes em rima. Antes aprendo ser rima em palavras que liga minha corrente dos sentimentos. Desapareça em noites de verão. Quentes e envolventes. Antes, amanheço o sol que aquece e seca qualquer gota de chuva. Suma repentinamente. Antes, desenho minhas raízes. Esqueço as faltas e pinto em cores a eternidade de quem ama pela vida-ama. Abandono a falsa-esperança e tatuo na alma, minha fé já transfigurada. Deixe claro suas indecisões e a frieza que nesses tempos, em ti aprimora. Antes, continuo sendo intensa, sentimental e sensível. Sol em calor e impulsiva. Desculpe-se pelas suas palavras escapadas e atitudes impensadas. Antes, sem raiva nem pena, entendo suas contradições. Desencaixo o que em mim, não cabe. Escreva uma carta e mande flores deixando seu romantismo finito, discreto, em segredo me chamar. Antes, vibro com meus clichês inventados de sentimentos intensos. E sem nenhum apego, corro para o que da vida vier. Desejo tão condizente com essa minha vontade que não cessa de viver-viver-viver. Impulsione-se tentando puxar o freio. Antes, aprendo a ser escolhas. Trocando quando preciso a marcha. Deixo que o trânsito flua, com a pausa necessária entre semáforos. Mas sem forçar a parada ou caminho. Questione-me. Antes, embaralho minhas sinceridades doídas, às vezes, e junto com as cartas deixadas no monte, algum silêncio. Fale-me de amor, sem fugir nem segurar meu coração. Antes, de amor escorro e guardo dentro, o coração polido que tantas vezes, por descuido, caiu e em pedaços se espatifou.
Antes que seu amor me corte e fira, completo qualquer buraco estampado que houver, com fitas macias e adocicadas. Sem retalhos quaisquer. Nem antes, nem depois; amanhã.

Menina Bordada.

2 comentários:

  1. Mas que lindo seu post de hoje.
    Voce escreve com a alma.
    Beijos

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  2. Flor, fico super feliz que tenhas gostado do texto. Mas o início foi autoria sua. As primeiras 3 linhas, a continuação faz parte do meu texto, que está lá no blog. Ficaria melhor fazer citação, deixando mais claro então quais são as suas palavras e as minhas. :)
    E os créditos também, nunca esquecer.
    Beijoca!

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