quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Como sempre o amor.




Há todos aqueles que amam, ou já amaram um dia, aos casados a muito tempo, aos que não casaram, aos que vão casar, aos que acabaram de casar, aos que pensam em separar.. aos que acabaram de separar, aos que pensam em voltar:
Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes o amor ainda lidera com folga. tudo o que todos querem é amar. Encontrar alguém que faça bater forte o coração, justificar loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar na gravata. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, catarolar dentro de um ônibus lotado.
Tem algum médico ai??
Depois que acaba essa paixão retumbante, sobra o que? o AMOR.
Mas não o amor mistificado, que muitos julgam que tem o poder de levitar. O que sobra é o amor que todos nós conhecemos. O sentimento que temos por pai, mãe, irmãos, filhos. É tudo o mesmo amor, só que entre amantes existe sexo.
Não existe vários tipos de amor, assim como não existe três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele deestinado a familiares, ao conjuge ou a Deus.
A direfença é que entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Pode não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.
Casaram. Te amo pra cá, te amo pra lá. LINDO! Mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolveram dividir o mesmo teto, tem que haver mais que amor, e às vezes nem precisa de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressão zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência.. Só amor não basta.
Não pode haver competição, nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carências, infantilidade. Tem que saber levar. Amar, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado pra enfrentar tensões pré- mentruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar os filhos, dar exemplos, não gritar. Tem que ser um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar. Entre casais que se unem visando a do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo para cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união, não significa necessariamente, fusão.
Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, falta discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar pra sempre, mas que sozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor pode até nos bastar, mas ele próprio não se basta.

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