sexta-feira, 25 de junho de 2010

Rideaux Blancs




Quem é que destranca a minha janela
e sopra os meus cabelos,
e observa os meus sonhos
formando histórias que eu não vou lembrar?

É como uma brisa que me consola enquanto durmo,
enquanto peço um pouco de revelação
quando consigo estar mais alheia e silenciosa
sem parecer tão estranha e tão complexa

é a noite, com um olho azul e outro, negro
que rasteja sossegada entre os caminhos e pedras,
ouvindo o meu sussurro descontente
sobre os rostos que vi durante o dia,
como fantasmas sem dor nem saudade,
em corpos mecânicos e enferrujados

é ela quem descobre o rosto frio
e acena para que esse enigma me encontre
e suba em minhas flores e destranque a minha janela
soprando as cortinas brancas, delatoras de sua presença
observando os meus sonhos formando histórias que eu não vou lembrar

é ele quem pousa a mão
sobre o livro empoeirado sobre a cabeceira
e marca com um beijo a página amarelada e fina
que revela a conclusão de um poeta:
“o segredo da Busca é que não se acha.”

Um comentário:

Cafézinhos